Hoje, andando na floresta com meu cachorro, o Pepi, lembrei de uma prática que eu fazia com meus alunos, adultos (mais de 18 anos), na minha última fase em Floripa, e vou descrevê-la agora para inspirar vocês, instrutores de yoga ou qualquer outra atividade grupal sensorial.
Estimulando os 5 sentidos.
Na prática deve um número par de pessoas, pois precisa-se dividir o grupo em dois. O Ministrante não participa junto.
Primeiro faz-se uma prática de respiratórios como: Sopro Há, Respiração completa com retenções tipo: Kumbhaka Bandha. Uma prática bem balanceada e leve de ásanas, sem exercícios musculares, com o objetivo de dissolver as tensões, soltar o movimento, harmonizar movimento e respiração. Um relaxamento em formato de sol, onde as cabeças ficam no centro do círculo e os pés para fora.
Em círculo, sem dar as mãos, ainda sem contato corporal, uma prática de kirtam, onde todos cantam desinibidamente, até a prática de mantra surtir o efeito de libertar, se libertar dos conceitos, das regras, dos medos, das espectativas. Tipo: esvasiar.
Todos devem lavar as maos e o rosto, prender os cabelos e pingar algumas gotas de um óleo essencial agradável, tipo capim limão, ou rosas, jasmin…ou qualquer outro que seja agradável para todos os participantes. Todos usarão o mesmo óleo! Atritar as mãos com esse óleo e passar no pescoço, nos bracos, enfim, espalhar o aroma pelo corpo. O cheiro do óleo deve ser bem suave.
A música deve ser suave, instrumental e baixa.
Os olhos são vendados.
Em pé, uma pequena meditação com o intuito de desligar do externo e se voltar para si mesmo. Para seu corpo e sentidos. O instrutor divide o grupo em dois grupos iguais. Formam-se 2 pequenos círculos, onde as pessoas estão de costas para o centro, de frente para fora, próximos os suficiente para não encostar um no outro.
Audição
Um dos grupos fica parado e o outro grupo circula por perto do primeiro grupo com movimentos lentos e suaves, e procura-se ouvir os sons de cada um do grupo 1. Aproxima-se mas não encosta. Apenas procurando escutar a respiração, talvez algum som interno como engolir a saliva, o coração, a barriga, enfim.
O grupo 2 pára em círculo e se repete todo o processo com o grupo 1.
Oriente para que os participantes não fiquem concentrados em descobrir quem está perto. Neste momento é melhor simplesmente deixar os ouvidos abertos e ouvir. Não pensar, não imaginar, simplesmente ouvir.
Ao fim voltam todos para seus lugares, formando-se agora duas filas paralelas, um de frente para o outro com mais ou menos 2 passos de distância
Olfato
Os 2 grupos se movimentam um em direção ao outro, dando 1 passo para frente, cuiando para não encostar em ninguém e vai sentir os cheiros do outro que está à sua frente. Pessoa por pessoa. Meio minuto por „par“ e passa para o outro. Com tempo. Sem pensar, seguindo o instinto e a vontade de continuar explorando os cheiros. As duas pessoas devem se deixar guiar pelo instinto de permitir ou esquivar, sem saber quem está lá. E deve-se também respeitar e aceitar caso aconteca uma esquiva. Isso é muito importante. A esquiva deve ser sutil, para que somente a pessoa que está na ativa perceba, e não o grupo todo. Registrando alguns cheiros que agrada, sem tentar identificar quem é! Quando todos tiverem passado por todos, os grupos se afastam novamente os dois passos.
Paladar
A partir de agora é fundamental que todas as pessoas estejam muito descontraídas, sem anciedade, pois a sensibilidade é fundamental para a prática fluir em harmonia e agradavelmente até o fim.
Nós vamos juntar todas as informações até agora, e identificar os sons e os cheiros para talvez experimentar também alguns gostos. Os grupos se aproximam novamente e experimentam sentir algum gosto da outra pessoa. Com respeito e principalmente cuidado. Você pode sentir o gosto da pele do outro por exemplo com teus lábios, ou com a língua. Preste atenção na reação do outro. Se aproxime de vagar. Qual o lugar que vc vai lamber depende mais da química entre as duas pessoas, do que o que você imagina com a sua cabeça. Se perceber que a pessoa não deseja ser tocada, pare o exercício e espere o próximo. Neste exercício ficamos também 30 segundos por „par“. Quando todos do grupo 1 tiverem trocado contato com todos do grupo 2, todos devem voltar para as filas. O contato da boca na pele do outro deve ser conectada para sentir gosto e não o tato.
PAUSA: Ainda com os olhos vendados e sem se tocar, todos se espalham, se misturam. Afastam um pouco as pernas e fazem uma flexão para frente bem relaxada. Deixando o corpo pesado, pendurado. Preste atenção nos sons, na respiracão. Tome consciência de tudo o que aconteceu até agora. Desenrole a coluna, vértebra por vértebra, e perceba-se em pé e bem acordado. A música muda. Ainda instrumental e baixa, mas agora um pouco mais envolvente, mais ritmada. Todos estão parados em seus lugares.
Tato
No ritmo da música, todos comecam a se movimentar, ou melhor dizendo, se deixam movimentar. Movimentos livres, sem pensar, sem escolher. Simplesmente percebendo o movimento que acontece livremente, sem regras. No movimento, acontece então o contato físico, expontâneo, não direcionado. O contato pode acontecer, é permitido. Sem emitir sons expecíficos. Se o contato é bom, é agradável, mantén-se o contato, prolonga-se o contato. Com qualquer parte do corpo, com as mãos, o rosto, as costas. Com liberdade e sinceridade. Se o toque não for desejado, a esquiva deve ser aceita, sempre com levesa. Esse exercício deve durar em torno de meio minuto por pessoa que está participando, por exemplo: se temos 10 pessoas participando da prática, pode-se ficar por 5 minutos neste exercício de tato. Terminado o tempo estimulado, cada um encontra uma pessoa e fica com as costas encostadas, de dois em dois. Tipo, de dois em dois um de costas para o outro. Encostados. A música muda. Música bem baixa. Ouve-se os sons da respiraçao. Vira-se um de frente para o outro, de dois em dois.
Visão
Tira-se as vendas dos olhos. Abre-se os olhos. Sem questionamentos, sem julgamentos, Apenas olhar. Primeiro nos olhos, depois de baixo para cima de cima para baixo. Deixar sair o sorriso mais profundo e sincero. Continuar circulando e agora olhar para todos. Um de cada vez, começar a olhar para os olhos, depois o olhar é livre para percorrer todo o corpo da pessoa. Um por um. Um de cada vez. Se o olhar não for agradável, vire-se e mude de foco. Tudo com liberdade e aceitação. Tudo com muito respeito.
Esta parte também deve durar, no caso das 10 pessoas do exemplo dado, 5 minutos.
Para finalizar, sentam-se todos, em um só círculo, damos as mãos, fechamos os olhos e tomamos conciência de tudo o que foi vivido e experimentado nesta prática. Um minuto em silêncio sentido a energia circular através das mãos.
Finalizamos com as mãos em Anjali Mudrá e um longo ÔM.